capitulo 6 Uma ajudinha das amigas
- Vai fazer o que hoje no fim da
tarde?
- Não programamos nada ainda.
- Você já conheceu o pico alto? –
Pergunta ele.
- Não.
- É um lugar lindo! Nós podíamos
ir ver o pôr do sol.
- Pode ser. Tenho que ver se as
Meninas concordam.
Já estamos na propriedade do
hotel, mas continuamos conversando, agora pelo menos eu já estou mais relaxada,
sei pra onde correr em caso de emergência.
- Na verdade eu tinha pensado em
ir de moto.
- Nós vamos seguindo você no carro então.
Não sei por que eu estou falando
isso, na verdade acho que é o hábito feminino de ter que parecer difícil, por
que no fundo eu estou louca pra dizer que vou; que vamos juntinhos, que eu
queria que ele tivesse me beijado, mais uma vez sinto suas mãos tocarem as
minhas.
- Diga a elas que o lugar é
lindo, vejo vocês às 16h!
Ele me dá um beijo no rosto e
sai. Eu, mal consigo dizer um tchau, embora ache que depois de tê-lo chamado de
maníaco, bandido e bad boy, isso seja bobagem. Volto ao quarto, Elena e Bia não
estão, resolvo tomar um banho rápido antes de procurá-las. Estou me vestindo e
recapitulando esta manhã, na verdade estou me derretendo de emoção com os
acontecimentos. E devo confessar, também, que estou com a minha imaginação
muito aguçada. Ligo pra bia.
- Bia?
- Oi Isa, tava preocupada.
- Cheguei agora. Onde vocês
estão?
- Estamos no restaurante. Vem pra
cá.
- Tá bom, chego num instante, beijo.
- Beijo.
Chegando ao restaurante
- Isa, eu estava preocupada.
- E eu, morrendo de medo Bia.
- E como foi seu resgate? –
Pergunta Bia.
- Se soubesse quem voltaria eu
mesmo teria me perdido. – Comenta Lelê
O quê? Porque que a lê tem que
ser assim, ontem mesmo ela tava lá falando do fim-divórcio, do seu “namoro-casamento”,
quase chorando, e mesmo assim ela não parou de dar em cima dos rapazes da mesa
vizinha, agora, fica se jogando em cima do Eduardo descaradamente, será que ela
faz isso por que se interessou realmente ou é pra me irritar.
- Eu estava com medo sabia? -
Falo dirigindo-me a ela.
- Mas e quando o herói do resgate
chegou... Passou o medo né? – Pergunta Lelê.
- Não! Não passou. Aliás, como é
que vocês deixam um desconhecido ir me buscar sozinho?
Elas se entreolham por um
instante, e a tagarela continua.
- E quem mais iria lhe buscar? A
comitiva? Todo mundo junto, e correr o risco de todos se perderem e passarmos o
resto do fim de semana procurando um ao outro.
Elas riem, eu particularmente não
achei engraçado.
- Josué, o guia, ele podia ter
ido me buscar. - Falo em tom de raiva
- Isa, jamais imaginei que você
fosse achar ruim ser resgatada por aquele gato. A não ser que...
Ela não completa a frase.
- A não ser que o quê bia?
- A não ser que ele tenha mexido
com você.
- o quê? Não! - Falo com um tom
ríspido.
- Mexeu..., mexeu sim.
Diz a Lêle repetidamente, como
quem fala de uma criança que mexeu num bolo proibido e foi pega em flagrante.
- Não mexeu, já falei que não! Eu
só o achei meio metido, e estava realmente com medo, eu não o conheço. Ele
poderia ser um bandido sabia Elena?
- Ah! Sim, vou pedir uma ficha
criminal da próxima vez que um homem lindo quiser resgatar a donzela perdida.
- Não precisa, ele disse que vai
me entregar.
- O quê? Eu não acredito que você
fez isso.
- Você realmente pediu uma ficha
criminal pro deus grego?
Todas riem, como se de repente eu
tivesse me tornado a mulher mais tonta do mundo.
- Não, não pedi. Mas ele notou
que eu estava com vergonha e ofereceu a ficha. - Digo como quem está com
vergonha. E mais risos surgem.
- Sim tem mais uma coisa?
- O quê? - Elas perguntam juntas.
- Ele chamou a gente pra conhecer
o tal de pico alto, disse que e lindo! Marcou ás quatro da tarde.
- Chamou?
Faço que sim com a cabeça, e nós
continuamos a conversar milhares de assuntos diferentes, agora estou mais a
vontade, sei que elas vão ao passeio e isso me deixa intrigantemente
confortável, acho que eu não suportaria ficar a sós com ele de novo. Existe
alguma coisa nesse homem que me deixa sem saber como agir! Geralmente eu sou
muito auto-suficiente, desinibida e determinada, mas, agora, não sei como agir;
sinto-me envergonhada até pelo simples fato de ele me olhar, é com se eu
achasse que a qualquer momento ele fosse ler meus pensamentos e descobrir o
efeito que tem sobre mim. Há muito tempo eu não me sentia assim, desconfortável.
As horas passam e nós retornamos ao quarto apenas para acrescentar um
casaquinho no look e fazer uma maquiagem discreta, afinal pra quem mora em
lugar de bastante calor, o frio é suficiente para deixar a pele mais bonita. A
Lê e a bia estão aos cochichos, e isso está começando a me incomodar.
- As duas mocinhas poderiam me
incluir na conversa?
Elas riem
- Não é nada.
E continuam rindo
- Então eu quero saber o que é
nada.
Elas riem um pouco mais e
respondem
- Estávamos lembrando o dia em
que a Bia se formou.
Ao que eu caio na gargalhada,
realmente esse dia foi inesquecível. Nós três bebemos além da conta. Dançamos
como se não houvesse mais ninguém e o Guto teve uma crise de ciúmes daquelas,
ao ver a Elena rebolando e atraindo os olhares de todos na festa. Foi muito
engraçado só quem estava presente naquele dia sabe por que até hoje nós rimos
ao lembrar.
Saímos do quarto e caminhamos em
direção ao estacionamento para nos encontrarmos com Eduardo e seguirmos. Ao
vê-lo parado encostado na moto, nos esperando, agora trajando uma simples
bermuda, que eu poderia dizer que era mais apropriada para dias de praia, e uma
camisa de malha branca, que cola em seu corpo cada vez que o vento insiste em
soprar mais forte, meu coração acelera e aquela sensação que ele me desperta
desde o primeiro encontro ressurgi ainda mais forte. Elena e Bia o cumprimentam
e eu sinto me forçada a dirigir lhe um oi tímido. Tenho a impressão que nós
vamos sair tranquilamente para o nosso destino, quando Elena fala:
- Eduardo, eu gostaria muito de
conhecer este pico do qual você fala, mas, soube que uma amiga que há muito
tempo não vejo está na cidade e nós marcamos de nos encontrar.
Ele abre um leve sorriso com o
canto da boca, e olha a bia, como quem questiona se ela também irá desistir.
Enquanto isso, eu a encaro com os olhos de quem suplica socorro. Diga que vai.
Diga que vai.
- Eu também sinto muito não poder
acompanhar vocês, tenho dormido pouco ultimamente e estou muito cansada! Se
vocês não se incomodarem eu queria ficar e dormir um pouco.
Nesse momento Elena encosta-se a
meu ouvido e sussurra:
- Este é seu presente de
aniversário.
Fico muda, mas tenho certeza que
a expressão do meu olhar diz tudo! Aquilo não vai ficar assim, preciso
encontrar um meio de fugir e penso no que vou dizer pra fugir. Embora eu me
sinta imensamente atraída por ele, não quero ficar só. Não quero ficar só com
ele, ao mesmo tempo em que tudo que eu desejo é estar com ele, e como poderia
não querer. Ele é lindo, e qualquer garota sensata e com dois olhos enxergando
perfeitamente iria gostar de estar com ele, nem que fosse para admirá-lo.
- Então eu vou com Elena!
Desculpe Eduardo, mais fica pra próxima.
- Não Isa eu insisto, vá com ele!
Você disse que estava louca para dar um passeio nessa moto. – Diz Elena.
A cretina ainda ri do que
aprontou. Como ela pode inventar uma
mentira dessas, eu não falei nada, e agora estou mais vermelha do que nunca.
- Então vamos Isa?
O que fazer agora? Fugir seria
mais vergonhoso ainda, faço um sinal com a cabeça assentindo e me despeço de
minhas amigas, abraçando as duas de uma vez só. E cochicho.
- Vai ter volta.
Elas riem, e enquanto isso ele já
esta na moto, e me estende a mão para ajudar a subir. Subo e coloco o capacete,
ajeito-me meio desajeitada, como se fosse à primeira vez que eu subisse em uma
moto, bem pelo menos em uma moto dessas é. Não sei o que fazer, onde me segurar?
Não quero parecer boba segurando-o como se estivesse me oferecendo, ao mesmo
tempo eu também não quero que pareça que estou com medo de tocá-lo. Ele dá
partida rumo à estrada, e enquanto a moto ganha velocidade, vou me
tranquilizando, embora a estrada seja repleta de abismos, não sinto medo, sinto
uma mistura de adrenalina e felicidade ao sentir vento forte pelo corpo. Ele retira uma mão e
segura com delicadeza a minha me puxando mais pra junto de si. Eu não fujo. Na
verdade estou adorando estar sentido o meu corpo no seu, e o cheiro dele é tão
suave que só agora pude sentir, é um cheiro suave, porém muito agradável, um
perfume desses que a gente sabe que é cheiro de homem, não reconheço a essência,
mais poderia dizer que ao senti-la, sinto um cheiro que tem personalidade.
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