sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

. capitulo 11 Outro por do sol

   Agora, já estou tão à vontade que me agarro nele, na moto, como se estivéssemos juntos há anos, nem sequer perguntei a que praia iríamos. O caminho é longo, mas desta vez não consigo temer o desconhecido. Chegamos a um restaurante suntuoso, próximo a praia, e ele estacionou, de repente começo a me arrepender de não ter colocado uma roupa melhor. Não é porque íamos à praia que eu precisava estar tão simples. Ele me guia, cumprimenta os garçons e me acomoda em uma mesa. Fico intrigada com o fato de ele cumprimentar os garçons, na certa ele deve ter trazido várias mulheres aqui. Pensei. Mas não quero estragar o momento, então não faço perguntas. Comemos e ele me chama para caminhar na areia.
A praia é deserta! Enquanto caminhávamos, ele fala como gostava de vir aqui quando era criança, catar conchinhas, construir castelos de areia e admirar os diferentes modelos que a natureza é capaz de esculpir. Fico encantada com o ar de romantismo que ele é capaz de criar, principalmente depois de todo aquele discurso de apelo sexual que ele me fez pela manhã. Achamos uma cocha grande e ele me oferece.
- Você sabia que as conchas imitam o barulho do mar?
- Meu pai me mostrou uma vez.
- Guarde, e toda vez que você quiser lembrar-se desse dia basta colocá-la no ouvido.
- Eduardo, posso te fazer uma pergunta?
- Sim
- Você diz isso pra todas?
Ele sorri.
- Não. Só para mulheres que não estão preocupadas com manual de boa conduta.
Não resisto a mais uma pergunta.
-E quantas são... Ou foram? Digo... Quantas não estiveram preocupadas?
- Uma.
Paro em meus pensamentos. Então, ele deve estar tentando encontrar essa outra em mim! -Não consigo disfarçar minha frustração.
- Você Isa! Essa uma é você. - Ele fala como quem soubesse o que eu estava pensando.
- Mas acho que você ainda se preocupa né?
Estou tão longe que nem me dou conta sobre o que ele está falando.
- Com o quê? Como assim?
- Com o manual criado para frustrar as mulheres. - Diz ele a meio sorriso.
- Um pouco. Não sei... Não é que se trate de um manual, é só que a gente mal se conhece, entende?
- E eu já estou apaixonado.
Fico olhando para ele, tentando entender aquela frase.
- Isa, eu acho que uma mulher pode ter desejos, e ser livre sexualmente, assim como eu acho que tenho o direito de me apaixonar.
- Não é muito cedo. - Retruco certa de que eu também estou apaixonada.
- Não, na verdade acho que já é tarde.
- Quantos anos você tem? - Pergunto enquanto me dou conta de que não sei quase nada sobre ele.
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- Então é cedo! Você deve estar mais interessado em aproveitar a vida do que em se apaixonar.
Ele passa algum tempo calado, e eu não entendo o motivo, estou pensando sobre o que eu posso falar para ele retomar uma conversa, então ele senta diante do mar, e observa às ondas vir, eu sento ao seu lado.
- Falei alguma coisa errada?
- Não Isa, na verdade você só me fez pensar.
- Em aproveitar a vida? – Pergunto.
- Não, que eu não devia ter me apaixonado.
Ficamos ali parados calados, contemplado o mar, ele me puxa e põe minha cabeça em seu colo.
- Isa, por que você tinha que fazer eu me apaixonar?
- Eu também estou apaixonada.
Não acredito que eu falei que estou apaixonada, e se isso tudo for apenas uma forma dele de me seduzir? (até parece que você já não estar seduzida, diz meus pensamentos) E se eu me magoar? Se eu me arrepender? São tantos ses, tantos porquês, tantas coisas repentinas! Eu me levanto, tentando fugir de seu aconchego, mas, ele me beija! E nesse momento nada mais importa. Então mais uma vez nos entregamos ao nosso desejo. E ficamos ali parados observando mais um por do sol.
- Esse é o segundo por do sol que passamos juntos. – Diz ele.
- De muitos. - Completo.
Ele não me responde e mais uma vez tenho a impressão de que a qualquer momento, ele vai levantar e dizer que aquilo foi apenas uma brincadeira, e que ele cansou. Voltamos calados e estou me agarrando a ele pela simples necessidade de sentir que aquilo tudo é real! Chegamos ao meu apartamento e ele ainda parece estranho.
- Posso te pegar no trabalho amanhã?
- Tem certeza?
- Claro, que horas você sai?
- Você tem certeza que quer continuar com isso?
Ele suspira e continua...
- Isa você foi a melhor coisa que me aconteceu este ano.
Não sei o que dizer, como ele consegue ficar totalmente mudo num instante, e totalmente romântico em outro.
- Saio no fim da tarde.
Ele me beija amorosamente e vai embora.
Entro sem entender direito todos aqueles surtos de silêncio e tentando decifrar o que aconteceu entre nós. Tomo um banho e ligo para Elena.
- Lê...?  Lê...?
- Oi Isa, o príncipe foi aí?
- Veio sim! - Como você pôde dar meu endereço pra ele Elena?
- E o que você queria que eu fizesse? Ele não parava de me ligar.
- Podia ter dado só meu telefone.
- Eu dei, mas ele queria o endereço; disse que estava preocupado, e que queria vê-la. Eu não sabia o que tinha acontecido, você não me contou nada! Então, achei que tinha algo a ver com ele. Ele parecia realmente preocupado, então, não vi problema.
- Elena nunca mais faça isso.
- Sim, desculpa... Desculpa nada Isa, a Bia me contou o que ele fez, você deveria era me agradecer.
Começo a rir.
- E aí, se acertaram?
- Parece que sim.
- Detalhe amiga... Eu quero detalhes!
Conto tudo que houve menos a parte proibida para menores. – Risos.
- Isa, ele é um encanto e ainda por cima moderno! Acho que ele está mesmo apaixonado.
- Eu num sei lê... Tem horas que ele parece ficar triste, sei lá, calado, pensativo, eu fico com medo.
- Isa, isso é só medo amiga. Você só não quer se machucar e fica inventando coisas.
Conversamos mais um pouco, e nos despedimos.  O dia parece mais promissor hoje, vou para o trabalho cantarolando. O trânsito está caótico, mas isso não tem a menor importância. Um motorista buzina e me manda sair da frente, em outras ocasiões eu me estressaria, mas agora eu simplesmente viro e mando um beijo. Cumprimento a todos na empresa e analiso os projetos, lembro do dia maravilhoso de ontem. No final da tarde, quando saio do trabalho, ele está a minha espera em sua moto, ai como ele é lindo. Não hesito e corro para abraçá-lo.
- Sentiu minha falta? - Pergunta ele
- Um pouco. - Brinco
- Estou te esperando há uma hora.
- Tudo bem, eu me entrego... Senti muito a sua falta.
- Quero levar você pra conhecer um lugar.
- Você sempre quer!
Eu subo na moto e me agarro a ele, mostrando que já estou pronta.
- Pronta? - Ele pergunta.

- Sim.

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