quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

capitulo 16 Quem somos

O Eduardo , já me levou a praia e tentou me ensinar a surfar, mas a única coisa que aprendi foi a manter a boca fechada, e não engolir água, me levou para vê-lo andar de motocross, e como as trilhas só permitem um piloto, Larissa nos acompanhou, o que tornou a tarde ainda mais divertida. Enquanto eu me apavorava com as manobras arriscadas, ela fazia dancinhas estranhas, gritando o nome dele como se fosse uma animadora, e ainda me forçava a fazer o mesmo. Depois ele tentou me ensinar a pilotar a moto, e ela ria ainda mais da minha falta de jeito.
Ele me levou para fazer rapel, ele tentou me ensinar a andar de skate, onde consegui um belo tombo e fiquei com um hematoma roxo bem na bunda. E quando ele me chamou para andar de patins , achei que enfim eu iria me sair melhor que ele. Mas tudo que eu sei fazer  é ficar em cima do patins e andar tranquilamente. Enquanto ele faz zigue-zagues, sobe em tudo que possa ser mais alto e sustentarseu peso , atraindo olhares de quem passa. Será que não ha nada em que faça e surpreenda-o.
Todas as aventuras traziam junto um Edurdo totalmente romântico, depois do rapel,no alto de uma pedreira observamos o por do sol, e ele me falou as mais belas palavras que eu poderia escutar, depois que ganhei meu hematoma, ele me levou para andar de carrossel, e eu pude me sentir bastante amada, como quando meus pais me levavam aos pequenos parques que vinham até a cidade. Aquele era um tempo mais difícil, sei que eles tinham que fazer um esforço para conseguir comprar os ingressos para o parque, e eu além de encantada com todas as cores , que haviam nos brinquedos, ficava também esperando que um dia , quando eu fosse grande , tivesse um homem que ganhasse para mim um ursinho. Desses que se ganham nas máquinas de tiro dos parques. Quando ele o faz, quase não consigo me conter ele é realmente tudo que eu sonhei.
 Está se aproximando o feriado da independência, e não faz nem um mês que estamos juntos, o que me surpreende, pois já vivemos tantas coisa, já estamos tão íntimos um do outro, que eu quase não acredito que ainda não faz nem um mês que estamos juntos.
- Isa, um amigo me ligou e disse que consegue vaga para um salto de paraquedas no feriado. Percebo a empolgação na sua voz. – já está pronta? Ele pergunta como se todas as aventuras que ele tivesse me levado até agora, fosse um preparo para este grade dia.
- Edu no feriado não vai dar. Tenho que visitar minha família. Falo, em parte me desculpando, e em parte aliviada. Acho que ainda não estou preparada.
- Então quer dizer que enfim eu vou conhecer seus pais? Ele pergunta como se o salto não fosse importante para ele.
- Edu, você estava esperando ele te chamar há dias.
- Estava, mas prefiro estar com você. Ele fala com quem conta um segredo.
- Edu. Falo piscando os olhos, mostrando que realmente é assim que ele me conquista.
Estamos sentados no banco da praça que foi reproduzido no jardim de sua casa, então decido lhe contar um pouco mais sobre os meus pais. Eles são bem diferentes da sua mãe, são do interior, e quando eu era pequena tínhamos uma vida muito regrada. Ele tinha uma pequena plantação , e as coisas não eram tão fáceis, havia dias em que as plantações inteiras eram perdidas, e eu o via , sentado na varanda, com um ar de preocupado, quanto ao que haveríamos de fazer, bem quanto ao que ele iria fazer. Minha mãe sempre foi dedicada ao lar, e eu e meu irmão ainda éramos bem pequenos, acho que suapreocupação era maior justamente por isso, eram três bocas totalmente dependente dele. Ele ligava o rádio de pilha ali na varanda e entre uma dose de pinga e outra apenas suspirava. Eu via a tristeza em seu olhar e tinha vontade de ir abraça-lo, mas a mamãe dizia: Minha filha , seu pai teve um dia ruim, deixe ele ficar um pouco só. Quando o jantar estava servido ele entrava, beijava minha mãe no rosto, beijava minha cabeça e a do Antônio e sentava-se a mesa. Nós jantávamos enquanto ele mexia a comida de um lado parao outro.
Estou totalmente perdida em minhas lembranças da infância. E me calo um pouco tentando assimilar todas as mudanças que ocorreram então Edu interrompe. – conte mais,estou gostando.
- Isso aconteceu várias vezes, plantação não é um meio de vida muito seguro.
- Tem que estar sempre dependente da natureza. Ele fala como se entendesse de plantações.
- Sim , quando o tempo estava bom, e não tinham pragas , ou coisas do tipo, as colheitas eram boas, e ele ganhava algum dinheiro. Quando o tempo não era favorável ele perdia parte, quando não toda uma plantação e mais uma vez eu o via preocupado.
- E ele não tinha esses maquinários que se usam para diminuir os riscos em plantios? Enquanto ele fala eu percebo que ele realmente não entendi de fazenda pobre. Sua família tem um padrão de vida que já foi herdado de outras gerações.  Eu riu de sua pergunta, e vendo que ele se senti um pouco envergonhado continuo.
- Naquela época era impossível sequer pensar em possuir alguma máquina, mas hoje sim , ele tem de tudo naquela fazenda. Explico-o e retomo o assunto.- Com as perdas ele foi ganhando também experiência, de modo que na nossa adolescência ele já não andava tão preocupado, quando o Antônio conseguiu passar na faculdade de comércio exterior, começou a aperfeiçoar as técnicas de nosso pai, conversando com professores de outros cursos. E depois que se formou, se dedicou a exportar o que era plantado na fazenda e importar máquinas, que facilitaram o processo de plantio e colheita.
- E eles nunca quiseram morar na capital. Ele pergunta indicando que está interessado na história.
- Na verdade eles tentaram. Quando eu decidi terminar os estudos aqui, o Antônio já fazia faculdade, e a fazenda já tinha equipamento suficiente para que eles pudessem administra-la de longe, eles não queriam ficar longe de seus filhos então resolveram vir morar comigo e o Antônio aqui. Mas não conseguiram suportar o primeiro mês, o papai dizia que a cidade era barulhenta , agitada e que estava com saudade dos grilos. Minha mãe dizia que comida de fogão tem m gosto horrível, e que aqui as mulheres andam parecendo que estão indo pra concurso de beleza. Então eles resolveram voltar. E então ficamos só eu e meu irmão.
- você deve ter tido uma adolescência em tanto, morando só você e seu irmão. Ele afirma com empolgação.
- Edu. Faço sinal de negativa com a cabeça.- O Antonio nunca esqueceu o interior e conseguia ser quase tão antiquado como meu pai.
- está tentando me deixar amedrontado Isa? Ele fala sorrindo.

- é bom estar preparado. – Meus pais não são a D. Heloisa. Certamente eles não nos esperaram com uma cama de casal. Dou uma pausa e continuo.- é mais provável que meu pai o espere com um facão para se certificar que... interrompo a frase e faço gesto como se o facão cortasse suas partes e ele segura com as mãos seus órgãos. E nós dois rimos muito. Acho que ele pensa que não há probabilidade de isso acontecer.

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