sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Capitulo 4 Apresentando às amigas
  Saiu me controlando pra não correr, depois de meus devaneios... Agora, sei que ele não está interessado em mim, e pior, depois que conhecer a Elena, com certeza não vai se interessar mesmo. Entro no quarto e entrego o remédio para Elena e vejo que bia já acordou. Conto a elas que conheci um rapaz e que ele está só e quer fazer trilha conosco! Elena, como sempre tagarela, me faz perguntas, e eu não sei por que mais agora estou meio que com raiva dela sem motivo.
- E ai qual o nome? – Pergunta Lêle.
- Nome de quem? – Me fazendo de desentendida.
(Digo como se por um acaso eu tivesse conseguido esquecer)
- Do rapaz que você conheceu.
- ahhh. É Eduardo.
- E ele é bonito?
(Ela fala com uma voz muito interessada pro meu gosto, o que me faz responder com desdém.)
- Normal dois olhos, uma boca, um nariz.
Ela ri, e nós conversamos sobre roupas para trilha enquanto nos vestimos. Estamos todas prontas. E quando estamos prestes a sair, me vem um arrepio gelado na espinha. Poderia dizer que é o frio, afinal o sol hoje está um tanto quanto frio se podemos assim dizer, mas eu sei muito bem que esse frio é outra coisa. Andamos conversando e rindo da Bia que acordou como se dormir fosse a melhor coisa que existisse na vida. Quando chegamos à recepção para encontrar o guia e o Dudu, Elena para, segura meu pulso e exclama: Olha o que eu estou vendo. (Como se tivesse encontrado a última coca cola do deserto)
-E a bia completa: Deus devia estar totalmente inspirado quando fez esse homem.
-Elena não para:
- Ele pegou a fila da beleza umas dez vezes. – Comenta.
Eu acho que vou explodir, dá vontade de estapear as duas e dizer que eu o vi primeiro. Mas ele se aproxima.
- Isa, esse é o guia que eu te falei mais cedo. – Fala Eduardo.
As duas se entreolham, como quem procura me questionar sobre o que tem de normal.
- Eduardo, prazer. – Se apresenta ele.
Como sempre a enxerida da Elena, nem sequer espera eu apresentar o que me deixa mais uma vez me parecendo Idiota.
- Oi. Você deve ser uma das amigas da Isa.
- Sim eu sou a Lêle e essa é a Bia.
Como assim, ela se apresenta dando apelido? Mas isso é para os íntimos. Enquanto estou pensando no que a Elena acabou de fazer, noto que o guia Josué está nos olhando como que espera alguém acordar daquele delírio e cumprimenta-lo. Então faço um esforço para me livrar daquela situação.
- Oi Josué como vai?
- Bem. Vocês vão querer que tipo de trilha?
- Não sei, na verdade acho que alguma que passe pelas cachoeiras, mas que não seja tão cansativa. Riu e acrescento. Não sei se temos fôlego pra fazer as trilhas longas.
- Tem uma trilha que não é muito longa e passa pela cachoeira, mas ela tem umas pequenas escaladas.
- Você acha que nós aguentamos?
- Claro. Até crianças fazem esse passeio.
Eu rio e logo vejo que o sr gostoso e minhas amigas estão se dando muito bem, rindo não sei de quê, mas espero profundamente que não seja de mim. Josué interrompe.
- Dudu, vamos? E continua
- Prazer .Josué .
Ele estica a mão pra cumprimentar as duas , e eu não sei porquê mais tenho a impressão que ele também não gostou muito da atitude delas. Elas nem o cumprimentaram.
- Elena
- Beatriz
As duas se apresentam e nós vamos em direção as trilhas. Eu estou mais calada do que o de costume, e embora eu note que hora ou outra Eduardo da uma olhada para trás, ele parece está bem à vontade com a conversa. O guia vai explicando-me algumas coisas sobre a vegetação, sobre as outras trilhas e não sei mais sobre o quê porque já faz tempo que meu pensamento está longe. Como pode, eu o conheci  primeiro, eu permiti que ele viesse, pior eu não consigo falar mais que duas palavras com ele, e lá estão elas livres e descontraídas conversando e rindo. Uma borboleta pousa sobre uma pedra, e eu tenho um verdadeiro fascínio por borboletas, então sento e fico observando-a, como se de alguma forma ela pudesse ouvir meus pensamentos. Como se ela fosse uma lâmpada mágica, e pudesse resolver meus problemas. Olho para os lados e ...


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

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  capitulo 3 Um segundo encontro
    A farmácia não fica longe, mas não quero ficar cansada, quero fazer a trilha até as cachoeiras e não quero passar vergonha na frente dos guias. Isso seria motivo de piadas para o resto da vida. Chego à farmácia, e enquanto a farmacêutica vai pegar os remédios que eu pedi tiro meu telefone da bolsa para dar uma olhada rápida na internet. Afinal, faz dois dias que eu não olho e devem ter algumas mensagens de felicitações. Vejo as mensagens, mas não tenho tempo de responder agora, e quando estou prestes a guardar o celular e pegar o remédio. Meu Deus! Isso será o meu dia de sorte, ou diria de azar. É ele, o homem de ontem, fico nervosa; pago o remédio e saiu de cabeça baixa para fingir que não o vi.
Chego ao carro e dou um suspiro de alivio sem sequer entender porque eu estou fugindo dele. Ele nem sequer deve lembrar que me viu ontem, mas pra não correr o risco de me sentir boba novamente é melhor eu ir embora. Ligo o carro e vou rumo ao hotel, e ele ainda envolta em meus pensamentos. Porque eu saí de cabeça baixa? Porque eu não disse olá e tentei engrenar uma conversa? Porque eu saí feito uma fugitiva? Isa, Isa, você deve estar com problemas psiquiátricos, como pôde fingir que... O barulho interrompe meus pensamentos, uma moto, não acredito será que ele vai passar por mim? Será que é a moto dele? Mais porque eu estou pensando isso? Milhares de outras pessoas possuem moto sabia Adalgisa? – Sussurrei.
A dúvida chega ao fim, com certeza é a moto dele. É o capacete dele, posso ver pelo retrovisor, e está acelerando me ultrapassando. O quê? É impressão minha ou ele está ao meu lado pedindo pra eu encostar o carro? Será que eu estou delirando? Mas, o que ele quer comigo? Será que ele é um bandido? Não, acho que tive a impressão de que o recepcionista o conhecia! Sim e que garantia isso me dá? Será que ele quer perguntar por que eu fui tão boba ontem por não falar com ele? Ah! Não! Eu estou sendo idiota agora! Já estou ultrapassando todos os limites imaginando mil coisas. E não é delírio, ele continua apontando pedindo pra eu encostar o carro. É, agora que estou em uma rua mais movimentada eu paro o carro e baixo o vidro.
Ele encosta a moto ao meu lado, e nem preciso dizer que o capacete sai de sua cabeça com uma lentidão digna de suspense de hollywood, ou é minha imaginação.
- Desculpa te assustei? –Pergunta ele.
- Um pouco. - Respondo sem pensar.
- Desculpa! É que eu fui à farmácia e achei seu celular.
Como pode eu sai tão apressada com medo de ter que falar com ele que esqueci o celular e agora vou ter que falar de um jeito ou de outro.
- Obrigado. Saí um pouco apressada. - Falo como quem procura uma explicação.
-Olhe meu nome é Eduardo, mais pode me chamar de Dudu, e desculpe mais uma vez se assustei você.
Ele me entrega o celular e fica me olhando como quem espera uma resposta. Depois de alguns segundos me recupero e crio coragem para falar, na verdade quase gaguejando.
- Adalgisa, mais pode chamar de Isa.
Ele ri. E agora eu fico sem entender o que tornou o meu nome tão engraçado. E por alguns segundos, ou frações de segundo, não sei por que, desde a primeira vez que o vi tenho a sensação de que está tudo em câmera lenta, nos olhamos sem pronunciar palavra alguma.
- Estou desculpado? – Pergunta com um leve sorriso no canto da boca.
Ai que alivio, o silêncio foi quebrado! Estou apavorada, com medo de ficar com aquela cara de boba que eu fiquei ontem à noite. Junto forças, muitas forças e tento parecer descontraída. Afinal, eu sempre fui mesmo.
- Está. Se me disser o que achou tão engraçado. – Respondo.
- Desculpe, é que quando eu cheguei você estava rindo.
Ele está rindo de mim, ele notou que desde ontem eu estou sendo muito boba, e agora ele está rindo de mim. –Falo a mim mesma.
- Imaginei mil e uma coisas quando você fez gestos pra eu parar. Você podia ser um bandido, um maníaco. – Disse.
Agora é a minha vez de rir. Mas, do contrário ele ri muito mais! É uma risada tão linda, ele é lindo, e a risada, me parece uma risada tão sincera, daquelas que há muito tempo eu não dou.
- Maníaco.  - Repete ele, e ri ainda mais.
- Sei lá. Não está escrito na testa não é? – Disse eu, sorrindo.
Rimos um pouco e ele completa:
- Você tem razão. Mas, pensando assim você não deveria ter encostado.
- A rua não estava movimentada, por isso não parei antes. Estava esperando mais movimentação.
- Bem, eu estou hospedado no mesmo hotel que você, então, acho que vou acompanhando seu carro, caso algum maníaco resolva lhe abordar. – Brincou comigo.
Depois de alguns risos mais contidos, entro no carro e dou partida enquanto ele segue na moto. Chegamos ao hotel e ele ainda espera que eu saia do carro pra me acompanhar, e eu estou ficando um pouco menos ansiosa agora.






- Seu namorado está doente? - Perguntou ele.
- Namorado? Não minha amiga. – Respondo.
Namorado? Porque ele acha que eu tenho namorado? E porque está interessado? Meus próprios pensamentos me interrompem e me repreendem. Isa não delira.
- Então, seu namorado está bem? - Continua ele se fazendo de desentendido.
- Não tenho namorado, estou de viajem com duas amigas para comemorar meu aniversário. Respondo como se precisasse dar uma explicação e deixar bem claro para ele que não tenho namorado.
- Meus parabéns Adalgisa. – Prontamente
- Obrigado. E... Isa me chame de Isa.
Ohhhhh meu Deus; ele lembra meu nome, e está sempre engatando uma conversa e eu não consigo fazer outra coisa a não ser responder as perguntas dele como se eu tivesse sérios problemas mentais.
- Desculpa minha falta de educação, quantos anos vai fazer? – Ele pergunta.
- Na verdade já fiz. 25.
- E o que vocês planejaram pra viagem?
- Ainda não planejamos nada especifico. Talvez trilha, ver as cachoeiras, etc.
- Eu conheço bem a cidade, talvez possa acompanhar vocês. – O sugeriu.
E rapidamente ele completa:
- Uma mulher tão bonita, acompanhada só por mulheres... Pode ser perigoso! Se houver algum maníaco a solta? – Completou com ironia.
Nós rimos, e já que agora eu estou começando a ficar um pouco menos perturbada com a beleza dele eu continuo a conversa.
- E a sua namorada não vai ficar chateada de você servir de guia para um grupo de mulheres que você não conhece. – Pergunto.
- Eu não tenho namorada, e se tivesse eu teria que terminar com ela agora mesmo. – Falou com um sorriso no canto da boca.
O que foi isso, uma cantada? Uma loucura minha? Tão bonita? Eu? Ele me acha bonita, o maior gato de todos os tempos me acha bonita? E agora? O que eu respondo? Droga ficou nervosa de novo, vamos parar logo com isso! – Pensei consigo.
- Eu já vou indo, tenho que dar o remédio da minha amiga. Tchau.
Saída de emergência, alguém me diz onde é, a saída de emergência! Eu sei que já me despedi, já dei as costas, estou saindo, mas, ainda estou profundamente perturbada. Queria voltar e perguntar se aquilo foi uma cantada. Porque se foi, já funcionou! Ao mesmo tempo quero fugir, ele me intriga, me faz ter medo. Não sei, ele desperta em mim alguma coisa que eu não conheço, quero correr, mais isso seria ridículo, então sinto uma mão tocando meu pulso, em qualquer outra situação eu sentiria medo, até uma repulsa, onde já se viu um estranho segurar meu pulso. Mas, porque eu não sinto repulsa? Estou sentindo um calor subindo pela minha nuca, e talvez, até uma imensa satisfação por essa mão me deter. Tá tudo confuso. Eu me viro, olho em seus olhos e percebo que ele realmente é lindo, sem querer percebo que meus olhos vão diretos à sua boca, e sei muito bem o que Freud diria sobre isso.
- Você não me respondeu? - Pergunta ele.
Alguns segundos de silêncio e sei que preciso responder, se eu não responder vou ficar tentada mais uma vez a desviar os olhos praqueles lábios carnudos em forma de coração.
- O quê exatamente? – Pergunto fingindo-me de boba.
- Se me quer.
É impossível não entalar! Fico vermelha, tremendo; sei lá como é que eu fico, mas, se a Lêle ou a Bia estivessem aqui, isso seria motivo de piada até o final da viagem, quem sabe da vida inteira. Graças a Deus ele percebe o que disse e continua.
- Como guia. Se você quer que eu seja seu guia e de suas amigas.
- Acho que é melhor não. Talvez seja melhor procurar um profissional, essas trilhas podem ser muito perigosas. – Respondo.
- E se eu disser que eu sou o guia? – Diz convencidamente.
- E se eu pedir pra ver seu crachá?  - Respondo sorrindo.
Ele ri e continua:
- Veja bem, eu estou viajando sozinho, e me ofereci por que também estou precisando de companhia, se você não quiser minha presença tudo bem, mas se puder me fazer este favor podemos chamar um guia e sair eu você e suas amigas. – Fala com clareza.
Sinto todos os meus devaneios, agora, escorrerem pelo ralo! Eu aqui toda nervosa e me achando, pensando que este Deus grego, talvez, estivesse interessado por mim e na verdade ele só quer companhia. Ainda bem que eu não estou contabilizando quantas vezes eu tenho feito ele de bobo, desde ontem à noite quando o conheci.
- Desculpe. Desculpe minha falta de educação. E, pode sim! pode nos acompanhar.
- Que bom, vou falar com o Josué. Podemos nos encontrar daqui à uma hora no lago?
- Quem é Josué? – Pergunto preocupada.
- O guia contratado pelo hotel.
- Humm. Então Tchau.

- Até daqui a pouco. – Respondo.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

 capitulo 2 A primeira vista 

  A recepção está vazia, e não é pra menos são quase duas da manhã, nessa hora os casais que estão hospedados já devem todos estar aconchegados em suas camas, com todo esse clima, o que fazer a não ser amar? Nesse momento ouço um ronco de motor, uma moto, um freio. Olho pela porta de vidro que está a minha frente, e mal posso acreditar quando vejo uma BMW. O piloto está todo de preto exceto por alguma logomarca branca que tem em seu capacete. Meu Deus! Será que meu príncipe encantado apareceu? - E começo a rir sozinha, lembrando da minha mãe. Ela sempre falou que eu tinha um gosto um tanto peculiar para as coisas, tanto que ela achava que eu era a única mulher no mundo a não sonhar em um dia encontrar um príncipe encantado, ao que eu ria e dizia que sonhava sim, só que no meu sonho ele não chegava a cavalo, mas numa moto. Que belo presente de aniversário seria se ele me chamasse para dar uma volta, nunca andei numa moto tão potente, acho que vou perguntar se ele quer me levar pra passear. Enquanto cogito na possibilidade de falar com quem quer que seja que tem chegado naquele belo brinquedo, vejo aproximar-se da porta, e tirar o capacete.
  Não sei se ele tirou o capacete lentamente ou se isso é um delírio da minha mente diante daquele magnífico espetáculo que é a criação de Deus. Agora, todos os meus devaneios sobre pedir qualquer coisa se foram. Minha nossa que homem é esse? Sempre tive bom gosto para homens, mas isso não é um homem qualquer é a mais pura inspiração divina, seu cabelo castanho cortado de maneira que não é curto o suficiente para parecer militar e nem cumprido que pareça descontraído, os olhos que não se podem distinguir entre o azul e o verde, a boca... Que boca é aquela! Parece que desenharam um coração no seu lábio superior. E no momento que eu fico imaginando aquela boca linda na minha ele está à porta.
 - Que chuva hein? – Pergunta ele.
Estou muda, o que aconteceu comigo, vamos Adalgisa, responda alguma coisa. Não consigo simplesmente, responder. Parece que minhas pernas travaram e que há uma mordaça impedindo que as palavras saiam de minha boca.
- Quem diria que ia chover?  - Pergunta mais uma vez.
Vamos menina o que é isso, não seja boba, é um simples comentário, você nunca se intimidou com ninguém, responda ou vai parecer uma pessoa sem educação. Responda! – Indago a mim mesma.
- Oi. – Respondo em voz baixa.
Ai minha nossa! Oi, isso é o que você responde? Ele comenta sobre a chuva e você diz oi. – Penso comigo mesma.
- Está tudo bem? – Ele pergunta.
Pronto, agora era só que faltava sua tonta, o homem aí parado comentando uma coisa casual ao que você só deveria responder: - Pois é ninguém imaginava. E você diz oi e emudece de novo, agora não há dúvida de que ele notou que você está toda derretida com a beleza dele. Ah! Adalgiiiisa você tem que responder.
- Sim. – Respondo prontamente.
No instante em que eu falo, ele se dirige ao balcão da recepção. Mas, porque que eu fui tão estúpida? Não consegui dizer nada além de oi e sim! Agora, deixei passar a oportunidade de pelo menos tentar conversar um pouco com esse Deus grego. Porque que eu não fiz algum comentário sobre a chuva ou coisa assim? Pelo menos teria segurado ele por mais um ou dois minutos quem sabe. Estou morrendo de vergonha, e não sei de quê, afinal ele não me conhece, provavelmente eu nunca mais o verei! E isso, foi apenas duas palavras trocadas entre dois desconhecidos. Acho que esse é o meu problema duas palavras. Como é que eu vejo um homem lindo falar comigo e eu só respondo oi e sim. A chuva amenizou e eu vou para o quarto, me esconder de minha própria vergonha. As meninas não vão acreditar quando eu contar pra elas a minha cara de boba diante de um desconhecido.
O dia amanhece e o sol parece que resolveu se esconder realmente. A serração, ao menos pra mim que quase nunca posso admirar, é realmente um espetáculo. A Lêle mal consegue se levantar, acho que realmente ela passou da conta ontem. A Bia ainda está dormindo, deve ter muito sono acumulado devido aos plantões.
- A Bia já acordou? – Pergunto.
-Não, está toda coberta ali embaixo dos cobertores. – Lêle responde.
Nós rimos e Lêle continua:
- Eu avisei. A medicina vai te dar olheiras.
Rimos ainda mais, lembrando de quando a gente brincava com ela pela profissão que ela escolheu, todos nós precisamos de um médico claro, mas todas sabíamos também o quanto a profissão pode ser exaustiva.
- Isa, acho que passei um pouco da conta ontem. – diz Lêlê
- será?
- Ai meu Deus Isa o que foi que eu fiz? Ela fala e  ri
- Além de dar em cima de desconhecidos discaradamente?
- Não acredito que eu fiz isso? Mentira você tá brincando não é?
Eu rio e a tranquilzo
- é verdade; mas tudo bem todo mundo levou na brincadeira.
- o quê? Ninguém me levou a sério?
E completa em tom de piada.
- Agora eu não sei se fico triste ou feliz, pensei que todos iam se jogar aos meus pés implorando pra que fosse verdade.
Rimos . E rimos tão alto que a Bia começou a se mexer com que estivesse lutando pra continuar dormindo
- shhhh, vamos deixar ela dormir mais.
- Isa você poderia ir pegar algum remédio pra mim na farmácia, minha cabeça está estourando.
E faz aquela cara , igualzinho o gato de botas no filme do shrek.
- Vou. Mas como é que a gente viaja com uma médica e não temos um remédio?

Rimos. Só que agora fechando a boca com as mãos para abafar os ruídos. Acho que até hoje a gente não acredita que ela é médica. Pego as chaves do carro, minha bolsa, e vou ainda contagiada pelo riso da Lêle, acho na verdade que nem existe motivo pra rir, mas sempre que nos encontramos é assim.
   capitulo 1 
O aniversário

 Ontem foi meu aniversário de 25 anos, e embora seja uma data muito especial e eu tenha tido muitas conquistas, sinto uma imensa tristeza dentro de mim. Minhas amigas inseparáveis desde os tempos de colégio, Elena e Beatriz, Lêle e Bia para os íntimos, marcaram uma viagem para comemorar, e aqui estamos nós, aproveitando o frio da serra, e os charmosos barzinhos da cidade. A cidade é ótima para casais apaixonados e tudo nela lembra romantismo, mas como moramos numa cidade onde reina o sol e o calor, quando pensamos em viagens , temos essa tendência inata a procurar lugares frios.
     Bia sugeriu que acampássemos. Seria uma aventura em tanto! Mas Lêle, sempre tão prudente, para não dizer medrosa, preferiu ficar em um hotel. O lugar é charmoso, e não sei se é porque eu procuro sempre ver o lado aventureiro do lugar, mas estando no hotel eu até que não noto todo o ar de romance que a cidade exala. Chegamos ontem no final da tarde, e é ótimo estar com as amigas, afinal desde que terminamos a faculdade e começamos a trabalhar, temos tido pouco tempo para nos encontrar. Bia se formou em medicina, e está trabalhando em um grande hospital então estou realmente agradecida pelos esforços que ela fez para estar aqui esse final de semana. Lêle se formou em estilismo e moda e no momento está abrindo uma marca própria, e embora eu saiba do imenso carinho que ela tem por mim, sei que essa viagem para ela é também, uma espécie de viagem de negócios já que eu trabalho com marketing e ela está realmente interessada em que eu faça o marketing de sua nova empresa.
    Logo que chegamos e colocamos nossas malas no quarto fomos direto para um barzinho, afinal, nada melhor do que um bom vinho para aquecer do frio e nos fazer soltar a língua, como se precisássemos disso. Bia é a motorista da rodada e mesmo assim não para de falar de um médico que ela diz que é lindo, simpático, gostoso, inteligente, competente e que ela supõe que esteja interessado nela. Lêle está nos contando desde a viagem no carro como foi que chegou ao fim o relacionamento de oito anos dela com Guto, estávamos todas tão acostumadas com ele que nem nos dávamos conta de o quanto ela havia estado infeliz de um ano pra cá, também nem sei se estamos falando do fim de um namoro ou de um divórcio, afinal eles estavam juntos desde o colégio.
    Eu conto o quanto tem sido divertida minha vida desde que nos formamos, e embora nunca tenhamos passado mais de uma semana sem nos falar, acho que desde que nos formamos essa é a primeira vez que vamos ter um final de semana inteiro juntas para colocar as conversas em dia. Todas elas riem muito de mim, embora eu seja uma pessoa muito séria com quem não me conhece, essas duas me conhecem muito bem e sabem que desde que eu terminei com aquele, que foi o meu primeiro namorado sério, pra não dizer o único, minha vida tem se tornado quase que uma festa. Mas, o que elas não sabem é que nos últimos dias tenho andado cansada dessa minha vida de festeira, e me perguntado se algum dia eu não vou encontrar alguém que me sirva de freio, só que isso eu jamais vou admitir pra elas! Já foi humilhante o suficiente elas terem me visto chorar consecutivamente um mês inteirinho por alguém que simplesmente disse que estava interessado em outra pessoa, deu as costas e foi embora.
    Depois de um mês de choro, eu simplesmente decidi que nunca mais iria permitir que aquilo acontecesse comigo novamente, nunca mais eu quero sentir aquela dor! Então, só tenho me relacionado de maneira superficial desde aquele dia, isso pra não dizer que eu tenho tido um prazer enorme em ver os homens rastejando aos meus pés querendo sempre algo mais sério em quanto eu os dispenso sem qualquer breve explicação, como se me vingasse pelo sofrimento que o outro me causou. No entanto, embora eu não vá admitir isso publicamente, tenho começado a sentir falto de romance, de ter alguém pra confiar, isto é, alguém do sexo oposto, alguém por quem eu sinta aquela sensação de borboletas voando no estômago, que deixe minhas mãos trêmulas, alguém por quem eu anseie ligar durante dia só pra ouvir a voz. Tenho tido tudo sempre em meu controle, existe um namoricozinho aqui, outro ali por quem eu finjo todos esses sentimentos, na verdade só porque me dá mais prazer vê-los pensando que eu estou apaixonada, porém o que eu quero é mais, é realmente estar apaixonada. Hummm.... Mas será que eu quero mesmo? Não! De jeito nenhum! Estar apaixonada significa que eu vou estar mais uma vez correndo risco de me machucar, e não há ninguém no mundo que queira se machucar.
    A noite termina, Lêle já bebeu mais do que devia, paquerou descaradamente um rapaz que estava com os amigos na mesa vizinha, e a Bia coitada, deve ter dado muitos plantões pra conseguir essa folguinha, pois o rosto de sono é nítido! E como estamos numa serra de curvas bem sinuosas, resolvemos voltar para o hotel. A Lêle chegou mais pra lá do que pra cá, sequer tomou banho e já caiu na cama dormindo. Bia meio sonolenta, diz que amanhã nós aproveitaremos melhor o dia. Como não estou com sono vou dar uma caminhada pelo hotel, e tentar descobrir o que nós poderemos fazer amanhã. Será que a Lêle toparia trilha?

Estou passeando pelo gramado do hotel que fica ao redor de um lago muito romântico que a propriedade possui, tem cisnes e tudo, quer coisa mais romântica que isso? Nesse momento, tenho vontade de matar minha duas queridas amigas, afinal, elas não poderiam ter procurado um lugar mais apropriado para uma viagem entre amigas? Eu estaria muito mais a vontade em um lugar cheio de barulho e com gente dançando, assim eu evitaria meus devaneios românticos. Enquanto eu deliro entre matar minhas amigas por me fazerem pensar e pensar em todo esse clima romântico, começa a chover; mas eu já estou longe de mais para voltar ao quarto sem me encharcar, então, vejo que a recepção fica logo ali, e vou apressadamente correndo até lá, sem que antes disso fique um pouco molhada.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Olá , meu nome é Victoria Acza, bem na verdade esse é meu pseudônimo, mas o fato é que tenho 29 anos e sou amante da leitura, há algum tempo escrevi um livro, e resolvi mostra-lo a uma amiga que gostou e me incentivou a publica-lo, encorajada, mandei também o rascunho para minha irmã que também gostou, como a publicação de livros no Brasil, ao menos para mim , parece ser algo um tanto complicado, resolvi fragmentar o livro e publica-lo aqui.
Nunca usei blogs, então quem tiver sugestões para me enviar será muito bem recebida, coloquei a configuração para adultos porque, como em algumas passagens do livro é descrito cenas de sexo acho desapropriado na leitura para determinadas faixas etárias, com tudo o livro é um romance. Bom espero que gostem.